sexta-feira, 4 de maio de 2012

Wanda Rocks!


                   A ilustre Wanda Jackson, assim como Esquerita, é a artista da segunda metade dos anos 50 injustiçada por excelência. Talvez porque era dona de uma voz que explicitava atitude. Ou porque transparecia o simples desejo de ousar. Ou porque podia ser entendida como a personificação do inconformismo. Ou porque era mulher. Ou todas as hipóteses anteriores. Enfim, nada mais justo que o epíteto “Queen Of Rockabilly”. Epíteto esse que dá nome à recomendada coletânea composta de canções autorais e de covers lançada em 2000.  
                  As 30 músicas evidenciam o talento peculiar de uma garota eufórica e que simplesmente não enxergava muitos limites na sociedade conservadora estadunidense de 1956.  Nada melhor do que apreciar Fujiyama Mama, Hard Headed Woman, My Baby Left Me, Rip It Up, Sticks and Stones e Let’s Have A Party para comprovar. Em You Don’t Know, Baby, entretanto, sua voz atrevida dá lugar a um blues provocante e cheio de sentimento. 
                 Diante de tantas virtudes, não é difícil saber o motivo de Elvis tê-la namorado ou de sua introdução em 2009 no Rock’n’Roll Hall of Fame, na categoria “Primeiras Influências”. 
                 Sem mais delongas.



sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vestígios da Insana Idade



Olhou para o espelho e se estranhou.
                                                          Refletiu (e o reflexo não o agradava).
Agora, percebeu que era inevitavelmente a-nexo.  
                                                       A pessoa que faz sentido não sente mais.
O indivíduo é (im)perfeitamente divisível.
                                                 Mesmo assim, quebrou o seu espelho e fez dele um mosaico.
Fragmentos do que ele falsamente foi.
                                                 Obra-prima feita a sua imagem e semelhança.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sinta. Sinta-se à vontade.



Vai para onde?
Sabe, adoro esse teu complexo de James Bond
Tive e estive. Ex-tive. perdas e GANHOS irreversíveis
Quietude invisível
Um gigante e lotado parque
O casamento entre Hitler e Joana D’ Arc
Muro de Berlim construído em 1992
E quando for destruído depois?
Por que tanto se ilude?
Larga isso+de*
Para onde vai?
Sai e vê se toda essa energia se esvai.
Ex-vai.
Se solta
Me ex-vazia
Volta


*disso = de + isso                        A ordem dos fatores não altera a soma
            ou                                           
            isso + de



terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Intro

Sister Morphine – The Rolling Stones   *ouvindo agora*


— Kafka disse que existe um ponto além do qual não há retorno. E, tipo, esse é o ponto que devemos atingir.
— Hmm.
— Eu chego nele toda vez que ouço essa música.
— Qual é a sensação?
— Liberdade. Também tem aquele lance de sentir tudo de maneira amplificada, entende?
— Aham.
— Vai ver a música e, sei lá, toda espécie de arte proporciona esse rompimento, em vez de continuar reprimindo nossos sentimentos e instintos.
— Resgata a nossa verdadeira sensibilidade.
— Exato.
— Como se as portas da percepção se desvelassem durante cinco minutos.
— Como se as portas do delírio ficassem escancaradas durante cinco grandiosos minutos.

                                      .
                                      .
                                      .


Sister Morphine- The Rolling Stones    *acabou de ouvir*